Estrada
Agora deve ser a hora de chorar,
há uma imensidão de mim que já se foi,
na estrada com poeira baixa em que desdemos as mãos,
nem havia um pingo de chuva para amainar o sol que tornava o horizonte cego.
Soslaios de olhar,
restos de pegadas,
sussurros de vozes,
o som era o vento.
Quanto tempo coube dentro daquele caminho,
há um nascimento a cada desencontro,
os olhares se tocam como o pincel na tela que cria,
as cores são tintas a esculpir o entardecer, daqui a pouco já é noite.
Folhas amassadas,
frio e madrugada,
abraço forte,
almas irmãs.
Todo aquele distanciar agora possuía uma direção.
O deserto que tinha minha casa foi devastado,
recebi aquele infinito como a visita de um anjo.
Mas fui de leve, passos se tornaram asas.
Voei como uma boca que nunca foi beijada,
tanto amor que nem poderia escrever,
desejo de encontro e medo da chegada,
chorar com o coração é sempre prova de amor.
Bernardo G.B. Nogueira
Conselheiro Lafaiete