domingo, 12 de agosto de 2012

Sem nada


Sem nada

Quanto de chão precisa meu céu,
a altura do suspiro alcança-me como um réu,
vítima e algoz  dos meus passos,
com verdade e súplica de pés descalços.

Uma nova noite se repete,
enquanto as horas palpitam,
dilacera o olhar escarlate,
faz frio e a brisa é disparate.

Dum colo esquecido,
forma e cor explodem, um estampido,
silêncio intenso, é negro o sorriso.

E as estrelas da estrada,
restam jogadas, um nada,
foi etéreo o rumo que conduziu a farsa.

Fado perdido,
um choro,
uma serenata.

Ouvido surdo do coração,
primavera com flores caídas,
toda a estrada restou desabitada.

Cena criada feito caçada,
solitária e inerte,
o amor fez ali sua morada, esperada.

E de tanto esquentar,
o olhar cálido foi a única chegada.

Pés descalços, flor no solo, alma irrigada.

Bernardo G.B. Nogueira
Horizonte – Belo e novo – inverno.

2 comentários:

  1. Parabéns Bernardo!
    Belo poema...
    Sentimento puro..

    Abraços poema.

    Dolores Jardim

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  2. "Ouvido surdo do coração"...
    Maravilhoso! ameeeeiiiiiiii B!!!

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