quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Mordaça

Mordaça

E quanto o amor me cobrou,
foi gesto insano feito nau,
sem mastro a seguir o sol,
porto distante e sem farol.

Me deixou sem caminho,
ao meio das pedras,
sem carinho, cheio da festa,
que deixou um rabisco e uma mesa posta.

Como ondas que não bateram,
o ronco de ti foi meu apelo,
em som profundo e ausente, meu inferno.

A queimar sozinho,
a ver as cinzas caindo,
pelo seu preciso desatino.

Seu pranto assoviou,
a acordar meu tom,
o fundo do mar dizia do fado,
e a pérola criada me foi arrancada.

Sem brilhar, resisti ao preço,
acorrentado a ti,
feito criança no berço.

Bernardo G.B. Nogueira
BH - inverno

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