sábado, 21 de julho de 2012

One day, one life


One day, one life

Eu queria contar pra alguém o que aconteceu comigo na noite de ontem. Pela primeira vez eu falei com uma pessoa que eu considerava um ídolo. Essa palavra deve servir para dizer que uma pessoa sente que a outra é transcendental em relação a ela e ao redor. Não, muito filosófico. Muito mesmo! Bom, mas é bacana ver como nem sempre a gente é necessariamente apanhado por essa coisa do desejo criado e do desejo irrealizado e criado e irrealizado e nós por essa ciranda afora, sem nós e sem os outros ao mesmo tempo. Todos e cada um a seu tempo, tentando achar essa cosia de simetria. Mas só queria dizer que depois disso descobri que tenho muito mais ídolos do que imaginava. E ao mesmo tempo, muito menos ídolos. Isso porque o HG na verdade não é um ídolo que tenho. Não mesmo. Eu respeito demais a arte dele para dizer isso. Essa coisa de ídolo é magia pura. Ao menos pra meu coração de menino. Na real cara, o que senti ante ele é bem menor do que tudo que suas canções e palavras já me haviam dado. O cara estava lá diante de mim e com o meu livro e o dele nas mãos. Era lá um artista e seu ofício. Eu estava diante de parte de minha história. Por isso que falei essa coisa de magia. Porque transformamos o cara em algo bem além do que ele é, sobretudo do que o que ele acha de si mesmo. Isso é que chamei de transcendental, o cara é superado pela sua arte e nós superamos a sua existência real com aquilo que levamos de nós para a vida dele, mesmo sem ele saber e claro, sem mesmo ele querer. É claro que agora posso dizer que o cara tem meu último livro nas mãos e que talvez eu tenha um cara famoso lendo minhas palavras. Que engraçado isso. Eu escuto o cara, leio os lances dele, me crio e recrio e depois ele poderá me ler, vai acabar encontrando com um pouco dele lá. Ah, mas a ideia aqui é escrever sobre ídolos. Impossível né! O 1berto, aliás, como ele assinou meu exemplar, sempre foi pra mim bem mais do que um all star, um cabelo grande,  um contrabaixo e um palco barulhento de rock. Tem um lance que eu acho que explica melhor a coisa do ídolo. E essa cosia, é a coisa da transcendência. Estou usando essa palavra filosófica porque não tenho um vocabulário menos chato. Deve ser resultado de minha chatice peculiar. É isso aí, talvez ontem eu tenha me tornado de novo e como sempre uma criança que ouvia os Engenheiros no som do carro do meu pai e que achava que saber o que aquele cara estava dizendo me daria a chave para sair daquela infância e me tornar adulto. Hoje, depois de tantos anos, tantas canções, poucas vogais e tudo o mais, vejo que na verdade o que rola é mesmo essa onda filosófica da criança que transcende. O 1berto não é meu ídolo não. Talvez ele seja um cara com cabelo grande que eu achava que nem existia mesmo vendo ele lá no palco, mesmo apertando a mão dele e encerrando nossos olhares de adultos em uma foto de fã, coisa de fã para ídolo.

Bernardo G.B. Nogueira

2 comentários:

  1. Entendo bem o que você diz. É mesmo transcedental a embriaguez causada pela presença, ou a simples existência de um ídolo.

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  2. Eu tambem queria contar o que aconteceu comigo ontem,porem,nao sei pra quem contar;ontem vi meu idolo ele é lindo,fala maravilhosamente bem,mim faz entender melhor a vida e as lagrimas que correm em meus olhos todas as noites na angustia de nao conhecer o amanhã e por ser tão medrosa a ponto de não enfrentar o hoje.
    Meu idolo só não mim olha nos olhos senão saberia o quanto eu o admiro.
    Meu idolo é B.G.B.N
    Amo tudo que ele escreve...

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