sexta-feira, 20 de julho de 2012

Do fim, do amor


Do fim, do amor
(A Pablo Neruda)

Com febre do pranto,
de sua boca
insana, com que me bebeste.

Com febre reclamo,
ausência,
engano, meu dano.

Com febre partilho
o profano amor,
desmedido e sem cor.

Com febre inflamo,
em seu corpo sem dor,
pela sua pele, ardor,
da noite clara, torpor.

De febre deliro,
sob tua boca em movimento,
seu olhar, meu incenso,
seu desvio, tormento.

Com febre me jogo
em seu abismo,
infinito e completo,
desmedido e possesso.

Com febre me mato!
Sem saber!
Do amor!
De amor!

Bernardo G.B. Nogueira
Inverno – Conselheiro Lafaiete

Um comentário:

  1. Qual taça que verte
    jóia derramada,
    sua voz entorpece
    e me faz mesmo insana,
    que à noite aparece
    e busca sua cama.
    Amor desmedido,
    febril, incolor,
    delírio, incenso,
    tormento e torpor?
    Isso não é profano,
    pecado, nem dor.
    É o seu infinito:
    esse amor, esse amor.

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