quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

quantas horas?



quantas horas?

devia-se desnudar assim, logo cedo,
não carece esperar anoitecer,
o dia lhe pode trazer intempéries,
por isso, deixe cair o véu pela manhã,
no alvorecer é que se dão nascimentos,
esteja sob a luz refletida,
imponha teu seio contra o vento,
caminhe sólida e aérea, etérea,
prefira o não caminho, crie,
em meio à gente, cometa o crime
de invadir com olhos cálidos e versos,
não te faça concessões,
sempre o desnudar,
cedo, sem hesitação,
esqueça do tempo,
que não volta, não vai, nem será,
entregue a armadura,
ao meio do dia esteja exausta,
sonolenta, mire a tarde brotar entre o céu avermelhado,
quando a noite vem,
conte a ela que jê és pura,
magia de vida que viveu pela manhã,
nua feito a primeira rosa do deserto,
frágil como o arco-íris,
inevitável,
que só a manhã, criança, embalou e fez nascer...

Bernardo G.B. Nogueira
Conselheiro Lafaiete – verão, 2013.

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