domingo, 3 de março de 2013

latinoamérica



latinoamérica

de quantos céus se faz o sonho?
com quantos deuses o amor?
por quantas línguas a verdade?
pelas paisagens arredias, qual a estrada?
em quantas estórias?
por quais frestas de cabanas os amores?
em quantos pés descalços o açoite?
por quantas almas dizimadas a luta?
em meio às faces esquecidas, qual não escuta?
em todas os dias feitos noite, qual a cor escrava?
depois do inverno maldito, porque não vês no verão todas as cores?
em qual corpo esta a escrita?
qual a margem do rio foi poluida?
qual rumo da história mal escrita?
qual o rumor da política infanticida?
em qual guerra a terra restou prometida?
qual sua chuva?
qual o seu sol?
qual seu solo?
qual seu vento?
quais as suas nuvens?
e seu calor?
qual a sua felicidade?
de onde nasce?
sentes dor?

não há infinito maior que o céu, nem que o sonho,
o amor é deus e só,
o olhar são os modos de falar,
o trajeto nasce do andar,
nossos sulcos na pele são mapas astrais,
as luas cobrem nossas noites de fantasias,
fugimos com o sonho na mão, pra andar mesmo sem os pés,
das mortes sentimos as forças que nos levam adiante,
as falas antigas são nossas cantigas, leis e alegrias,
depois das chuvas sempre planta-se o novo pão,
nascemos de toda a terra, por isso um monte de invenção,
sem dizer do certo ou de uma maneira de engenhar a criação,
não há outro lado ou este de cá, apenas um mundo envolto por coisas desiguais,
se um dia a peleia é envolvida em armadilhas de alma maldita, a cura vem da chuva, fecunda,
não há nenhuma regra estabelecida, cada variedade é uma só maravilha,
chuva sem dono,
sol pra fazer amor,
solo pra cravar história,
vento pra abanar o engano,
nuvens pra inventar outro mundo,
calor pra brotar a vida,
felicidade de ver várias e uma só em todos,
nascimento é dor,
dor pra viver, sem deixar pra trás nenhuma cor!

Bernardo G.B. Nogueira
Conselheiro Lafaiete – verão - 2013

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