segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Para longe daqui...

Para longe daqui

Meu lápis está apontado direto ao coração,
frases longas e formosas espreitam,
há dentre nuvens olhares sem direção,
partícipes de uma dança sob pares que encantam.

As mãos sempre esvoaçam dentro da noite,
feito pouso sem embaraço pela praça,
imenso é o céu por entre o açoite,
em candura de pele perdida e sem graça.

Há sulcos do vento por entre cinzas e fumaça,
e é pleno e taciturno o rio em minha face,
mas também é velha e sombria a outra margem.

Não me escuta a escrita e se disfarça,
em notas frágeis se vai embora,
teatro vivo que o meu corpo escorraça.

Bernardo G.B. Nogueira
Buenos Aires

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