terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Sobre o mar

Sobre o mar

Sobre o mar entoei um canto que jamais será ouvido,
espraiou-se em partículas que impossibilitam ouvir,
é tão distante o mar que uma mirada por ele me impede de partir,
há entre nós dois, tamanha distância, que nem ousaria dar um grito.

Oh!, mas quão desafortunado é meu coração,
em um estampido silencioso quis ser canção,
largou de dentro dos meus olhos e nem sequer olhou p'ra trás,
levitou intenso sobre o mar, como se em pele alva acarinhasse o amor.

Senti-me tão abandonado neste momento, o tempo tornou-se companheiro,
tomou minhas mãos e entre ontem, amanhã e hoje, sorriu p'ro meu rosto teso,
fez troça de minha tristeza e tornou maior ainda a solidão.

Sobre o mar, descobri mil encantos,
o de um tempo que não existe e o de um coração que baila entre o fado,
o de um mar, que de tão profundo, é porto seguro para chorar meu pranto.

Bernardo G.B. Nogueira
Montevideo

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