segunda-feira, 11 de junho de 2012

Espera


Espera

Eu vou te esperar,
sempre vou estar aqui,
ali ou acolá,
mas a sua espera vou ficar.

Eu vou te esperar,
mesmo que a chuva não caia,
que o sol não saia,
independente de ser uma cilada.

Eu vou te esperar,
inclusive quando chorares,
a cada sorriso e nos dias sem tardes,
ainda que sua mão sem mim se distraia.

Eu vou te esperar,
depois da noite e pela madrugada,
a cada manhã, acordada,
mesmo que a solidão esteja minha enamorada.

Eu vou te esperar,
antes e ainda que se despeça sem uma última mirada,
com toda a fornalha do alvorecer, estarei sua finada,
de maneira que seja livre sua estada.

Eu vou te esperar,
por mais que outros olhos te levem,
leve permanecerei como sentinela, de guarda,
como um gato apaixonado pela sua empregada.

Eu vou te esperar,
mesmo sabendo que irá se demorar,
ainda que tenha sorte em sua escapada,
mesmo que seja outra a sua morada.

Eu vou te esperar,
mesmo que em ti, outro corpo tenha se esgueirado,
de um jeito que seja mais que o esperado, mais que pecado,
porque esperar mesmo é maior que o tempo contado.

Eu vou te esperar,
por toda tarde desaquecida pelo vão de ti,
e ainda que saiba que não voltarás,
irei esperar.

Pois foste sempre aquele que me fez esquecer,
aquele que a vida fez aparecer,
aquele que me mostrou que o tempo não existe,
e que há apenas o amor, arte da espera, arte do viver.

Bernardo G.B. Nogueira
Outono – Itabirito.

Um comentário:

  1. Belíssimo poeta!
    E se a gente espera mesmo sem querer é porque a nossa alma clama por outra alma incansavelmente e inerente a qualquer situação ou razão...

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