segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Pode até não ser, mas...

Pode até não ser, mas...

talvez seja bom não estar aqui,
um infortúnio de sonhos sem fim,
cadências distintas sob um céu cada minuto mais vistoso,
dentro de uma cidade, num olhar, outra distinta...

realidade.
O tempo entremeia ideias reais,
saudade da noite durante o dia,
amor pelo dia quando se ia a noite.

Uma badalada dos sinos e as ruas pareciam sem fim,
caminhadas por entre meu amor,
cada esquina uma antiga paixão que nascia de novo,
encontros eternos com diálogos suspirantes.

Os beijos foram transporte para uma sinfonia radiante,
insatisfeitos, sempre buscavam lábios mais profundos,
enlouquecida, a saudade de novo clamava
pela fresta daquelas vidas, encontro e romance.

Descobrir, caminhar e criar.
Não haveria mesmo nada de passado,
o vinho do dia acariciava meu presente,
em cada página já escrita, um novo rabisco.

Nem sempre com as palavras temos o tempo,
suas fugas revelam o oculto da madrugada,
cada olhar é uma criação,
é assim também com o amor, novo e velho em um instante.

As chuvas são ótimas para tudo isso,
têm pingos que são férteis,
pingos para almas quentes que enfrentam os leões,
de dentro do peito saem as mais lindas ideias.

A pintura e a arte de outro dia são sempre o suficiente,
o cheiro das vidas que não vivenciamos de perto,
tomam o olfato das almas sensíveis que levitam pelo presente,
o passado é o amor que não podemos mais viver

...a menos que todo dia seja uma meia noite.

Bernardo G.B. Nogueira
Itabirito – 03:32...

6 comentários:

  1. Parabenizo-o pelo poema, este até me criou expectivas em assistir ao filme. E parabenizo-o também por sua linda musa inspiradora.

    Aprendiz
    Também, Itabirito

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  2. Obrigada pelo elogio.

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  3. Uau, que visão sensível sobre o filme, Bernardo. Pude senti-lo em cada verso. Gostaria de ter essa sensibilidade, parabéns.

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  4. Bernardo li o poema aqui no blog e achei lindo! Realmente o filme é maravilhoso e o que achei mais interessante é o inesperado acontece! Paris parecia estar pronta para receber o que Allen tinha para contar não é mesmo?? e toda essa loucura temporal não poderia ser possível em nenhuma outra capital mundial, rs. E a gratificação vem, principalmente, pelo fato de Woody Allen não levar seu texto a sério, pondo a descontração em primeiro lugar, fazendo seus históricos artistas colocarem-se em situações que jamais imaginaríamos, como se declararem invejosos ou estarem envolvidos em confusos enlaces amorosos.Como diz o crítico do filme...'' Vê-los em comuns mesas de bar discutindo temáticas super relevantes, que hoje são motivos das mais profundas pesquisas científicas, é de um prazer difícil de descrever. E tudo acontece de uma forma bem simples, sem necessidades de efeitos especiais ou conceituada direção de arte.'' E já está confirmado o próximo filme juntamente com o elenco de Woody Allen que será rodado em Roma. rsrs... vamos aguardar!

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  5. Sensível e lindo...O filme já nos deixa com os sentimentos a flor da pele, mas só o poeta que o sente consegue expressá-lo tão bem em palavras...
    É dificil escrever sobre o que já é tão bem escrito, você consegue...

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  6. Nunca me identifiquei tanto com um filme como com Meia Noite em Paris e consequentemente com sua poesia, sempre senti que nasci tarde demais e por isso tenho saudade de tudo que não vivi...

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