segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Quando saí pela cidade de mim...

Quando saí pela cidade de mim...

Precisei ir um pouco ali fora,
ali adiante, decerto trocar apenas alguns passos não distantes,
ouvir um marulho de pingos, e vozes, e risos,
colher alguns olhares por detrás de silhuetas malvestidas, invertidas.

Tem um sentido todo diferente por ali afora,
ali aonde colho algumas rosas, duas ou três, mais não.
As mãos não sustentam muito tempo mais do que podem,
fingir não dá mais, ali fora as cores das rosas não são frígidas, nítidas.

Os passos são jogados contra o vento que diz coisas estranhas,
um passo mais e outro, e tantos outros, diferentes e imprecisos,
cambaleantes, sucedem uma digestão de pensamentos,
trocadilhos mal feitos de uma avenida sem limite, ouvinte.

Afora minha pretensiosa distinção das noites,
há um desenho complexo por entre estas vidas entrelaçadas e embaçadas.
Sentimentos, luzes, fumaças, uivos de ventos e algumas vozes, até placas.
Formas distintas, variações de uma mesma percepção, emoção.

Truques desvairados ostentam essa visão,
dão-se ao corpo, e sem direção, se entregam,
as flores que tiveram um cheiro agora são tapetes,
almas de poetas, embriaguez pela cidade, amores, vida e sensação, desrazão.

Bernardo G.B. Nogueira
Conselheiro Lafaiete – chuva.

2 comentários:

  1. "Sentimentos, luzes, fumaças, uivos de ventos e algumas vozes, até placas.
    Formas distintas, variações de uma mesma percepção, emoção..." saudosas percepções, emoções felizes que só existem agora na lembrança

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  2. "... Mas a alegria se repete sempre. Basta lembrar." Rubem Alves

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