terça-feira, 1 de novembro de 2011

A escrita e o limite

A escrita e o limite

Não escrevo para aqueles sem voz,
para os que se dispuseram de todo grito.
Não escrevo para os que silenciam,
não escrevo para os que temem seu algoz.

Não escrevo para quem se distrai,
para os que se esquivam da onda.
Não escrevo para os que baixam os olhos,
não escrevo para aquele que não vai.

Não escrevo para os que vão só ao meio,
para os que não se perdem noutro enleio.
Não escrevo para os que não se afogam,
não escrevo para a superfície que não é inteiro.

Não escrevo para os que creem,
para os que insistem na verdade.
Não escrevo para os que não se embriagam,
não escrevo para o alcance e a vaidade.

Não escrevo para quem promete, se compromete,
para os que vivem e não esquecem.
Não escrevo para os que se eximem,
não escrevo para os que reprimem.

Não escrevo para aqueles que não têm sangue,
para os que não miram o horizonte.
Não escrevo para o que é constante,
não escrevo para quem diz ser distante.

Não escrevo apenas para dizer palavras,
para contar e maldizer vontades.
Não escrevo para frear sentidos,
não escrevo para criar desígnios.

Não escrevo, porque não tem princípios,
para contar estórias, que têm meio e início.
Não escrevo com domínio,
não escrevo, ao invés das palavras, o acaso, amor e destino.

Conselheiro Lafaiete – frio e noite
Bernardo G.B. Nogueira

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