terça-feira, 15 de novembro de 2011

Uma vida, entonação

Uma vida, entonação!
(a Dali e García Lorca)

Sob aquelas plantas de algodão adormeci,
meu espírito, de tanto lutar, arrefeceu de ódio e amor,
deitado com olhos abertos e riso sem cor,
um suspiro afogado em mares de inspiração.

A morte do poeta é sua própria criação,
depois, são alguns versos entoados por uma boca sem feição,
dores imensas entretidas em braços soltos,
balé em águas e cheiros um do outro.

Revoluções, partidas, esconderijos e entornos,
encontros sorrateiros e peitos alucinados,
um sol de primavera, um vinho demorado,
sentinelas de estrelas, uma vigília eterna.

Naquela pintura, uma mistura, seu gosto.
Silêncio, lágrimas, desespero sem retorno.
Uma porta se fecha e uma visada sem amor,
despedida, paz do poeta. Amor, desdita e solidão.

Vida!

Bernardo G.B. Nogueira
Conselheiro Lafaiete – boa madrugada.

3 comentários:

  1. O poeta com a sua inexatidão,acho que nem sempre espera que a poesia se faça completamente inerente para quem a lê.
    Um escreve com um sentimento, o outro lê com outro e os dois se fundem como se tivessem nascidos juntos, no mesmo espaço de tempo...

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