terça-feira, 29 de novembro de 2011

Estrada...

Estrada

Agora deve ser a hora de chorar,
há uma imensidão de mim que já se foi,
na estrada com poeira baixa em que desdemos as mãos,
nem havia um pingo de chuva para amainar o sol que tornava o horizonte cego.

Soslaios de olhar,
restos de pegadas,
sussurros de vozes,
o som era o vento.

Quanto tempo coube dentro daquele caminho,
há um nascimento a cada desencontro,
os olhares se tocam como o pincel na tela que cria,
as cores são tintas a esculpir o entardecer, daqui a pouco já é noite.

Folhas amassadas,
frio e madrugada,
abraço forte,
almas irmãs.

Todo aquele distanciar agora possuía uma direção.
O deserto que tinha minha casa foi devastado,
recebi aquele infinito como a visita de um anjo.
Mas fui de leve, passos se tornaram asas.

Voei como uma boca que nunca foi beijada,
tanto amor que nem poderia escrever,
desejo de encontro e medo da chegada,
chorar com o coração é sempre prova de amor.

Bernardo G.B. Nogueira
Conselheiro Lafaiete

2 comentários:

  1. Sim, hoje tenho o desejo de encontro misturado ao medo da chegada, ou da falta dela...não sei.
    Como todos, muito profundo e tocante.

    ResponderExcluir
  2. A estrada só existe para o caminhante
    Uma para cada caminhante
    Uma para cada caminhada
    Ainda que seja a mesma estrada
    Ainda que seja o mesmo caminhante

    A estrada não está do lado de fora
    Cabe no caminho o tanto que existe no caminhante
    Na estrada onde se desderam as mãos,
    Não ande, voe

    Para folhas amassadas, folha nova
    Para frio e madrugada, cobertor
    Para abraço forte, beijo
    Para almas irmãs, amor

    ResponderExcluir