terça-feira, 21 de maio de 2013

mas volte



mas volte

vire e volte,
voe,
voe,
e volte,
morra,
mas rapidinho
ressuscite,
faça amor da minha canção,
depois se vá,
mas só ali,
na esquina,
e não vire,
volte!
antes que seu cheiro vire mar,
o mar,
e eu fique perdido,
pois sei só amar,
navegar não,
é longe,
e seus olhos me chamam,
frágeis,
lancinantes
feito navalha a compor meu tempo,
feito a rua onde perdi seu passo,
onde foi vida meu cansaço,
lá dentro e perto,
distante do mundo,
no seu abraço,
mas ali petinho,
longe não...

B.
outono.

viandante



viandante

mais poesia
menos profissão
mais outono
menos verão
mais saudadee
menos solidão
mais menino
menos exatidão
mais olhar sentido
menos explicação
mais beijo na chuva
menos horas sem canção
palavras em vão...

B.
outono.

andando



andando

escrever passos no papel
e deixar cair um pouquinho de verso na calçada
molhar a estrada com estrofes musicais,
deixando pra trás o que fica pra trás
e ver o sol marcar a curva
quando a árvore balançar, sentir o cheiro do pó,
pra depois ver que o não se esquece é flor
regada pelos olhares dos dias por onde andei...

B.
outono.

à ti que vens...



à ti que vens...

não importa,
vou arrumar a casa
manter a cama estendida
os pratos alinhados
 e o vinho servido à medida tua
seu cheiro a encantar a rua
pela noite durmo a esperar
durante o dia arranjo os detalhes
enquanto sonhar
sei que um dia virá
mesmo que casa não há
mesmo que só lhe possar dar a lua
esse outono é seu
podes chegar...

B.

domingo, 12 de maio de 2013

imundo



imundo

amanheço querendo o mundo
entardeço ao sol
com versos nas mãos
anoiteço cansado do mundo
fecho os olhos e olho pro mundo
abro as mãos e abraço o tempo
deito-me consigo e tenho o mundo
amar é mundo

outono
B.