quarta-feira, 31 de julho de 2013

reminiscer

reminiscer

sempre se vai,
em voltas a locais passados,
passamos por eles,
e passar é trilha,
olhar pra trás é inventar o que se foi
não olhar é viver de afugento
tornar a caminhar é novo,
novo velho passo,
cansado de não ver
e de ver também,
filme antigo de cores novas
cores velhas e nova calçada,
sob a janela o sol continua a sair
e volta novo
mas sempre sol
depois que se ama é sempre regresso.

B.

domingo, 28 de julho de 2013

pela rua



pela rua

Enquanto lê este poema
Pensa o quanto Hemingway ou Bukowski são mais intensos

Imagina que poderia ter isso ou aquilo
Talvez uma rima
Escrever mais verdades
Fantasiar menos
Entender mais de realidade
Pousar os pés
Esquecer as nuvens
Deixar de lado os goles
Não cheirar tantos vinhos
Atento, espreitar a ciência
Nas esquinas, não se perder
Seguir o rumo
Arrumar

Enquanto lê esse poema
Pensa que nenhum poeta vive se morrer?

B.

sábado, 27 de julho de 2013

nunca mais

nunca mais

A ti que confesso poemas
Rasgas cartas e queima
Deixa cinzas ao vento e sorri
Depois caminha pelo jardim florido
Perfumado com o adubo de mim
Réstia perdida do sorriso seu
Esquecido nas folhas secas
Que se irão esvoaçar
Enquanto dormes cândida
Sem saber se noite ou dia
Aquecida pela lenha da saudade
Sonha com as linhas que jazem
No jardim de su’alma
Que rola pelas escadas a procurar
O último perfume da flor pisada
Sem rima alguma
Forte feito navalha
E maldita como o poema que lhe escrevi...

B.

na real



na real

há vidas em  uma vida,
dias em um apenas,
horas em um momento,
todas galopando
a arrebatar olhares,
que também tem muitos em um só,
com o mesmo cheiro de uma esquina
qualquer,
resto de solidão,
que são várias
e que é canção,
desdita ao certo,
mas ainda criação,
dentro do instante
cai a vida
nasce o ato,
era outro artista em vivação,
estar vivo é uma cena em plena multidão...

B.

sexta-feira, 26 de julho de 2013

ida e vinda



ida e vinda

venha me visitar,
assim, com vagar sem horas,
depois que se escoder o último sol,
não se vá,
esteja leve como a brisa da manhã
e depois que o sol não esquentar,
abrace a noite que será nossa,
como também é a flor que não nasceu,
mas que veio trazer o cheiro de ti,
pois que nasceu de seus olhos essa pétala,
pra cair em mim feito verso,
qual a última madrugada que sonhei,
vendo seu barulho emudecer meu dia,
quando amar, não chore,
venha me visitar...

B.

mistura



mistura

Exijo apenas que me ame
Apenas,
Mesmo que a duras penas
Deixe as plumas de lado
Voe entre o quentume do gozo
Namore o riso ditoso
Mas exijo que também não me ames
Que me esqueça
Deixe-me só
Se vá, ao longe
Bravia, esqueça,
Enfim,
Não exijo-te nada
Se dê ao mundo
Com amor e olhar
Deite-se pela chuva
E corra entre as folhas do outono
Cada primavera faça sua morada
Esqueça o que te exijo
Ame e não ame,
Ao mesmo tempo...

B.