sexta-feira, 19 de abril de 2013

acabou ontem



acabou ontem

de manhãs há que vive
cândida,
livre e som,
de Tom e vagar,
convite de orquestra,
pra falar de rio e mato,
com sede de nota limpa,
água corrente pela harmonia,
e o timbre só alegria,
Ah...
lá se vai o “chorare”,
pro mar de banho
de manhã que é fim de ontem,
do cantar que foi amor de sempre...
de manhã.

B.

quarta-feira, 17 de abril de 2013

escrever poesia



                                        escrever poesia

é como eu consigo
viver
de outro jeito tenho medo
de viver
talvez vergonha
de viver
talvez seja escolha
de viver
arremedo de mim mesmo.
é viver?

B.

canção sem tempo



canção sem tempo

vai-se deixando pelos minutos da estrada,
cada passo é um a menos,
outro mais a cantar,
de dó em ré,
dá-se uma valsa,
pra cantar em dias sem horas,
pra amar em passos namorados,
envoltos em um tempo só,
cantado em mi e fa,
esquecidos feito mar,
ditosos,
há tempos a profanar...

B.

do ofício...de viver



do ofício...de viver

escreve-se pra a vida,
pra a análise
do dentro pro fora,

do verbo pra fala,
da cozinha pra sala,
do ventre pro mundo,
do choro pro gozo,
do mato pra água,
da mulher pro azul,
da lágrima pra o amor,
do olhar pro sonho,
do sol pra chuva,
da morte pra a vida...

escreve-se pra escrever a sina,
depois se apaga,
aí é outra estória pra escrever...

B.

do lado de fora



do lado de fora

tanta poesia,
entorna,

o resto que sobra
do verso e da prosa,
pra dentro brota,
com rima jocosa,
de face esculpida,
cara vestida
e febre tardia,
na noite em que cria
fantasia e mentira,
cena invertida,
viver é sair da trilha...

B.