sábado, 31 de março de 2012

À espera do canto...


À espera do canto...

quase como uma gota de lágrima que ainda não choveu,
quase como um toque de lábios que se rompeu,
quase como um abrigo que o vento levou,
quase como um seu afago que não é meu,

qual a distância do rio que me torna mar,
qual a proximidade do rosto a se virar,
qual a faticidade do tempo a nos moldar,
qual a face da vida que a outra é morte.

a ti irei olhar,

como o filho que dá braços ao pai,
como a vela do barco que se dá ao vento,
como a palavra que se dá ao sentimento,
como a folha que se dá ao anseio do poeta.

feito um silvestre a caçar sua vida,
feito o artista a se perder no palco,
feito a criança que sente medo da noite,
feito o adulto que sente medo do amor.

estarei à espera de seu canto...

Bernardo G.B. Nogueira
Conselheiro Lafaiete

segunda-feira, 19 de março de 2012

O quanto é o quanto (à Modigliani)







O quanto é o quanto

O quanto foi musa,
é o quanto pude viver,
O quanto foi deusa,
é o quanto pude crescer
O quanto foi tristeza,
é o quanto pude merecer,
O quanto foi realidade,
é o quanto pude arrefecer,
O quanto foi sonhada,
é o quanto pude esquecer,
O quanto foi distante,
é o quanto pude amanhecer,
O quanto foi promessa,
é o quanto pude anoitecer,
O quanto foi silêncio,
é o quanto pude entrever,
O quanto foi desconhecida,
é o quanto pude ser,
O quanto foi amor,
é o quanto pude morrer,
O quanto foi seus olhos,
é o quanto pude pintar você.

Bernardo G.B. Nogueira
Conselheiro Lafaiete